
O aumento da taxa Selic para 15% e a sinalização do Banco Central de que esse patamar se manterá por um longo período impõem uma realidade desafiadora, especialmente para os empreendedores de baixa renda. O crédito mais caro e as condições rigorosas de financiamento dificultam o acesso a recursos, travando o crescimento de pequenos negócios e limitando sua capacidade de investimento em inovação, estoque e marketing.
Mas há caminhos possíveis e promissores. A resiliência e a criatividade dos empreendedores populares, tão presentes nas periferias urbanas e nas comunidades rurais, podem se transformar em alicerces para um novo ciclo de fortalecimento do micro e pequeno negócio.
1. Aposta em Negócios de Baixo Custo Inicial
Modelos enxutos, como prestação de serviços digitais, revenda de produtos por encomenda, produção artesanal e consultorias locais, ganham força neste cenário. Com investimento inicial reduzido e retorno mais rápido, essas frentes permitem maior controle financeiro e menor exposição ao endividamento.
2. Acesso a Linhas Alternativas de Crédito
Programas como o Pronampe, o Crédito da Mulher Empreendedora e o Crédito Popular dos estados e municípios devem ser monitorados. Cooperativas de crédito e fintechs com taxas reduzidas ou pagamentos por performance também despontam como alternativas ao sistema bancário tradicional.
Microempreendedores de São Carlos que buscam crédito para expandir seus negócios encontram no Banco do Povo uma alternativa acessível e com condições facilitadas. A iniciativa oferece empréstimos de até R$ 21 mil para empreendedores formais e R$ 15 mil para informais, com taxas reduzidas a partir de 0,35% ao mês.
3. Capacitação e Inovação Social
Buscar cursos gratuitos de qualificação e programas de mentoria com foco em digitalização, finanças e gestão é uma estratégia eficaz para aumentar a produtividade e a competitividade, mesmo com poucos recursos. Parcerias com ONGs, Sebrae e universidades podem abrir portas valiosas.
4. Fortalecimento das Redes Locais
A colaboração entre microempreendedores locais (formação de redes de fornecedores, vendas conjuntas, feiras de bairro, marketplaces locais) reduz custos, amplia o alcance e fomenta a economia solidária.
5. Planejamento Financeiro Rigoroso
Com a Selic alta, cada decisão financeira precisa ser ainda mais criteriosa. Empreendedores devem entender o custo do dinheiro, evitar dívidas rotativas, planejar o fluxo de caixa e priorizar o reinvestimento orgânico, com base no lucro real obtido.
Apesar dos desafios impostos por um cenário de juros altos e crédito restrito, os pequenos empreendedores brasileiros podem (e devem) se adaptar e inovar. A força das ideias, o uso estratégico das ferramentas digitais e o apoio em redes colaborativas formam os pilares para vencer esse novo ciclo. A Selic está alta, mas o espírito empreendedor precisa estar mais forte do que nunca.